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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Calmantes naturais





 Em julho de 2011, a Organização Mundial da Saúde divulgou uma triste notícia: estão crescendo os casos de ansiedade e depressão em todo o mundo. Para piorar, nosso país foi apontado como o campeão na incidência do distúrbio — 10,8% dos brasileiros são considerados depressivos graves. Uma das razões para esse quadro alarmante é o ritmo de vida que levamos. "Sedentarismo, cobranças maiores no ambiente de trabalho e má alimentação são fatores que influenciam no aparecimento de transtornos psiquiátricos", analisa Rafael Freire, psiquiatra da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na capital fluminense.

 Para combater os males da mente, os médicos costumam receitar remédios como os ansiolíticos, que barram a ansiedade e ajudam a tratar certos tipos de depressão. O perigo é o exagero na hora de recomendar esse tipo de tratamento: entre 2006 e 2010, a venda dos famosos tarja preta para a cabeça aumentou 36% no Brasil. "A população está mais estressada, mas isso não significa que haja necessidade de prescrever mais ansiolíticos", pondera o psicobiólogo Ricardo Tabach, da Universidade Federal de São Paulo. "Só que o próprio paciente costuma pedir o remédio como solução para todos os problemas", lamenta Freire.

 Como alternativa para esse uso excessivo, que pode causar sérios efeitos colaterais e até dependência, alguns apontam para os fitoterápicos, que são feitos com plantas e agem de forma semelhante às drogas sintéticas. Quem nunca ouviu o conselho de tomar chá de camomila para se acalmar? A sabedoria popular indica há tempos algumas ervas como saída para o estresse e as noites maldormidas.

 No entanto, vale esclarecer uma confusão corriqueira. "Os fitoterápicos, como todo medicamento, passam por uma série de pesquisas para comprovar sua eficácia. Já as plantas medicinais podem ser usadas de outras maneiras, no preparo de chás", diferencia o professor de farmacologia Hudson Canabrava, da Universidade Federal de Uberlândia, no interior de Minas Gerais. E nem todos os remédios naturais já caíram nas graças dos cientistas. É preciso conhecê-los bem antes de correr até a farmácia fitoterápica mais próxima.

 Na hora de comprar fitoterápicos, procure ficar atento ao rótulo do produto. Nele, há o número de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. "Para ser registrado, o remédio deve passar por testes que comprovam sua eficácia, segurança e qualidade", esclarece Mônica Soares, especialista em regulação de fitoterápicos da Anvisa. Além disso, o órgão também lançou em 2011 o Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. O guia explica aos profissionais de saúde como manipular 58 das plantas medicinais mais conhecidas, auxiliando na produção desse tipo de medicamento.

 Entre essas plantas, estão a passiflora, a valeriana e a erva-de-são-joão. Esse trio é bastante utilizado pela indústria farmacêutica em fórmulas que tratam casos de depressão leve a moderada. "As três plantas contêm substâncias que atuam nos neurônios e diminuem a atividade do sistema nervoso, relaxando o indivíduo", explica Ricardo Tabach. "A principal vantagem em relação ao ansiolítico é o fato de a concentração dos princípios ativos ser menor e misturada a outros compostos, o que abaixa o risco de efeitos colaterais e dependência", expõe o doutor em farmacologia João Batista Calixto, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. "Os resultados do tratamento à base de fitoterápicos demoram mais para aparecer, mas seus efeitos adversos são muito menos agressivos", completa Hudson Canabrava.

 Se as crises não são graves, os chás podem ser uma aposta certeira. "Os princípios ativos estão presentes de maneira mais branda, o que reduz a probabilidade de complicações", atesta Tabach. Busque comprá-los em farmácias de confiança e conferir no rótulo o nome científico da planta.

 E, mesmo sendo de origem natural, os fitoterápicos devem ser consumidos com cautela. Um dos principais perigos é a interação medicamentosa, que pode anular ou até potencializar drogas que estejam sendo tomadas paralelamente. "As plantas possuem milhares de substâncias químicas capazes de reagir de maneira indesejada com medicamentos alopáticos comuns. A passiflora, por exemplo, que é um calmante suave, causa sonolência excessiva se combinada com outros remédios", adverte Canabrava. Não caia no engano de pensar que as plantas são inofensivas. A orientação médica é indispensável. Sempre.

 E os florais? Funcionam mesmo?
 
 Apesar de as gotinhas à base de flores fazerem sucesso há muitos anos, seu desempenho positivo ainda não foi comprovado de vez pela ciência. Tanto é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, não regulamenta o comércio dos florais. "O que acontece muitas vezes é o efeito da sugestão, ou seja, a pessoa toma o floral confiando em seus resultados. Esse processo, também conhecido como placebo, é responsável por cerca de 30% da eficácia até dos medicamentos tradicionais", explica Hudson Canabrava, professor de farmacologia da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais.

 Plantas que tranquilizam e que têm o aval da Ciência:

Melissa: Melissa officinalis

Também conhecida como erva-cidreira, tem óleos essenciais que acalmam levemente

Formas de consumo: Seu chá é o mais popular

Camomila: Matricaria recutita

Esse tipo de camomila tem efeito calmante

Formas de consumo: é bastante difundida. Suas folhas e flores são empregadas em infusões

Erva-de-são-joão: Hypericum perforatum

É a mais eficiente para combater a depressão

Formas de consumo: usada na produção de medicamentos, ela só pode ser comprada com receita médica



Passiflora: Passiflora incarnata

Essa espécie de maracujá ajuda a controlar crises de ansiedade e depressão

Formas de consumo: Além de chás, seu princípio ativo entra na fórmula de alguns medicamento


Valeriana: Valeriana officinalis

Suas propriedades são extraídas da raiz. Melhora o sono

Formas de consumo: é usada na produção de fitoterápicos e em chás e infusões, apesar do gosto amargo
 

Por Hilda Sabino
Fotos de Alex Silva


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Celulares podem provocar acidentes graves


 Aparelhos podem explodir pelo contato do lítio da bateria com o oxigênio (Foto: Shuttersock)

O caso da aeromoça chinesa Ma Ailun, de 23 anos, que morreu eletrocutada após atender seu iPhone enquanto ele estava ligado à tomada, ganhou novos detalhes, mas continua sem grandes explicações tanto da Apple quanto da polícia local. Na Suíça, uma jovem teve a perna queimada após seu celular, um Samsung Galaxy S3, ter explodido enquanto estava no bolso da calça. A notícia da morte da chinesa veio acompanhada de um alerta, orientando a não usar aparelhos celulares enquanto estão sendo carregados; a da suíça reacendeu a dúvida: estamos andando com uma pequena bomba junta ao corpo todos os dias?

Vamos primeiro aos fatos e depois às teorias. Ma Ailun mora na cidade de Changji, na província de Xinjiang, a noroeste do China. A família teria informado que o aparelho, um iPhone – há relatos que se contradizem sobre o modelo, mas ao que tudo indica se tratava de um iPhone 5 –, fora comprado em dezembro do ano passado e se tratava de um aparelho original. Mais recentemente, uma emisorra de TV local obteve a informação também com a família de que o carregador poderia não se tratar de um equipamento autêntico. Ma Ailun teria também atendido o celular após sair do banho.

A Associação de Consumidores do país asiático fez um alerta no mês de maio sobre a “inundação” de carregadores sem certificação de segurança no mercado chinês. Sem meias palavras, a organização falava que carregadores falsos poderiam transformar aparelhos eletrônicos em “granadas de bolso”. Além disso, uma das suspeitas é de que o carregador seja compatível apenas com o padrão de 100 volts de Hong Kong, Taiwan e Japão e não com os 220 volts da China continental – mas a razão do “choque” ter ocorrido depois de 7 meses de uso anula a força desse fator para a investigação.

Carregadores de celular geram corrente de 1 ampere (amp) e voltagem de 5 volts. A carga necessária para a morte por eletrocução é de 7 miliamperes (ou seja, 0,007 amp), durante três segundos, afetando diretamente o coração e, assim, alterando o ritmo do seu batimento. Todo e qualquer tipo de corrente elétrica que atinge algum ser humano sofrerá ainda outro fator em jogo: a resistência (contada em ohm) do corpo que, só na pele, conta com 5 mil a 15 mil ohms.

Isso para dizer que mesmo se a aeromoça estivesse molhada do banho, o que facilitaria a passagem da corrente, e sem roupas (que também reforçam a resistência), a corrente não seria suficiente para matá-la.

Para a pesquisadora Maria de Fátima Rosolem do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), uma das instituições contratadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para fazer os testes laboratoriais para certificar a segurança e homologar aparelhos eletrônicos no país, é improvável que a eletrocução tenha sido causada pelo carregador apenas.

“Pode ter havido algum problema com a rede externa ou uma descarga da rede elétrica no carregador, como em casos de raios que matam pessoas que estão usando um telefone comum durante uma tempestade”, diz, lembrando que a chance de passagem de eletricidade de um aparelho eletrônico para o seu usuário é “difícil”.

“A regulação, ensaios de homologação e certificação que eles têm de atender são parâmetros mínimos internacionais e servem justamente para que acidentes assim não aconteçam. Se não for um raio, é provável que aparelho não estivesse adequado a essas normas”, afirma.

Devemos evitar usar aparelhos eletrônicos carregáveis enquanto estiverem na tomada? “De forma nenhuma”, opina Rosolem. Os carregadores são equipamentos para limitar a corrente que transita por ele. “Não há problema algum, apenas aconselho que num dia de tempestade se desliguem os aparelhos da tomada, porque a descarga de corrente de energia pode vir não por culpa do equipamento, mas pela rede.”


Celular explode?

Nesta semana, outro caso chamou atenção. A suíça Fanny Schlatter declarou que teve sua calça rasgada pela combustão do Galaxy S3. Fanny teria ouvido uma explosão parecida com a de fogos de artifício, sentindo logo depois cheiro de substâncias químicas. Em seguida, suas calças pegaram fogo - ela foi acudida por sua chefe, Stephane Kubler, e por colegas de trabalho. Quando chegaram até a vítima, já havia chamas na altura dos ombros. Em seguida, Schlatter foi levada ao banheiro e os colegas conseguiram apagar o fogo, o que não impediu que a jovem ficasse com queimaduras de segundo e terceiro graus na coxa direita. A história foi narrada pelo jornal Le Matin.

A explicação para o caso é explosão da bateria, feita de um composto de lítio, que em contato com oxigênio ou umidade, pega fogo espontaneamente. Segundo Rosolem, o material, apesar da sua alta reatividade, é o melhor para a fabricação de baterias por ser pequeno, leve e capaz de armazenar uma grande quantidade energia durante bastante tempo. No entanto, há pesquisas hoje, motivadas principalmente pela criação do carro elétrico (imagine carros explodindo espontaneamente por aí), com o objetivo de encontrar composições com o lítio para diminuir os seus riscos de explosão.

Baterias de lítio possuem meios condutores de eletrólito que em altas temperaturas desligam o aparelho. Há ainda um pequeno circuito elétrico instalado em cada uma que auxiliam no controle da instabilidade interna. Componentes velhos, danificados por queda ou com defeitos na fabricação podem permitir a entrada de pó, umidade ou funcionar de maneira indevida e, assim, ocorre o curto-circuito e a bateria (lacrada) explode pela pressão. Segundo Rosolem, há inúmeros fatores que podem contribuir, inclusive a danificação do circuito de proteção pelo uso de carregadores não originais e, por isso, pondera que “a investigação de um problema desses não é simples”.

Regulação e cuidados 

No Brasil, aparelhos celulares e tablets só podem ser vendidos no mercado se forem homologados pela Anatel. Isso implica que os equipamentos terão de passar uma bateria de testes feitos por laboratórios credenciados que atestarão a qualidade do produto. São objetos de análise o telefone, o celular e o carregador (em separado). Cada um recebe um adesivo com o símbolo da Anatel se aprovado (abra a tampa da bateria do seu celular e veja se ela não está lá). “São normas bem rígidas, tanto é que muitas empresas estrangeiras reclamam da burocracia do processo quando chegam por aqui, a homologação aqui é mais apertada mesmo”, diz a pesquisadora do CPqD.

Essa é a principal razão pela qual não se recomenda a compra de equipamentos “paralelos”, que não passam pela certificação da agência. “O aparelho pirata não é mais barato por mero acaso, é porque ele deixou de passar por algum processo importante de qualidade. Se for o dano for a diminuição do tempo de vida útil do aparelho ou da bateria, tudo bem; o real problema é quando a ausência de qualidade afeta a segurança”, diz Rosolem.

Daqui.


sexta-feira, 5 de julho de 2013

9 razões para não se privar de dormir





A insônia é uma doença. Mas dormir pouco, para muita gente, é uma opção. Opção que, segundo inúmeras pesquisas, causa um verdadeiro descompasso no organismo

Por THEO RUPRECHT

Quando o computador invadiu os escritórios, no começo da década de 1980, quase todo mundo esperava realizar as tarefas profissionais rapidamente e, então, aproveitar o tempo de sobra para relaxar, ficar com os familiares, visitar os amigos. Mas aconteceu exatamente o contrário. A chegada das máquinas pessoais — e, depois, a popularização da internet — aumentou bastante a carga de trabalho. E os momentos destinados a atividades como ler um romance, ver TV e praticar um esporte invadiram a noite. "Quem saiu perdendo foi o sono, sempre deixado em segundo plano", observa o pneumologista Geraldo Lorenzi Filho, diretor do Laboratório do Sono do Instituto do Coração de São Paulo. Isso é compreensível, afinal ninguém quer abrir mão das horas de diversão. Mas essa mudança de rotina é uma bomba-relógio para a saúde. "Estudos epidemiológicos provam que quem dorme pouco vive menos", ressalta Dalva Poyares, neurologista do Instituto do Sono, em São Paulo. Justificativas para isso não faltam — você verá nove delas nas próximas páginas. A boa-nova é que, com certas atitudes, dá para garantir um tempo mínimo embaixo dos lençóis e, assim, aproveitar a vida por anos a fio.




1. ALTERAÇÕES GENÉTICAS


Quem deixa de pregar os olhos para ver aquele filme imperdível noite adentro pode mexer com uma das estruturas mais importantes do corpo: o DNA. "Essa privação aparentemente deixa a molécula mais frágil e suscetível a mutações", explica a geneticista Camila Guindalini, do Instituto do Sono. E esse é o primeiro passo para o aparecimento de variados problemas, entre eles o câncer. O que mais surpreende os cientistas, entretanto, é que fi car poucas horas na cama altera nossa carga genética. "Restringimos o sono de animais só por quatro dias e percebemos que alguns de seus genes estavam mais ativos", revela Camila. Os cientistas acreditam que essa seria a conexão entre dormir pouco e o desequilíbrio de várias funções corporais. 

2. PROBLEMAS SEXUAIS


A biomédica Monica Andersen, da Universidade Federal de São Paulo, reduziu o horário de descanso de ratos machos por alguns dias. Em seguida, analisou o comportamento dos roedores com suas parceiras. "Apesar de terem desejo, os bichos não conseguiam fazer a penetração", relata a pesquisadora. Agora, será que essa afirmação também vale para seres humanos? A resposta, infelizmente, é sim. Homens que têm como hábito trocar o travesseiro pela leitura ou por um bate-papo na internet, só para citar exemplos corriqueiros, têm um risco três vezes maior de sofrer com disfunção erétil. "Um dos motivos é a diminuição dos índices de testosterona", esclarece Monica. "O surpreendente é que as taxas do hormônio sexual masculino só voltam ao normal sete dias após a noite maldormida", acrescenta. 

3. MAIS DOR


Quem consome boa parte do período noturno em claro pode ficar extremamente sensível a toques, esbarrões e qualquer pequeno machucado. Também é comum os notívagos sentirem o corpo todo dolorido, como se tivessem exagerado na academia. "Durante o repouso, o cérebro secreta substâncias como serotonina, dopamina e endorfina", ensina Páblius Staduto Braga, reumatologista do Hospital Nove de Julho, na capital paulista. "Níveis baixos dessas substâncias relaxantes estão associados a respostas dolorosas", complementa. O problema é que, às vezes, esse baita incômodo gera insônia, além de prejudicar a qualidade das poucas horas dormidas. "Cria-se um ciclo vicioso difícil de ser quebrado, especialmente em casos de fibromialgia. Aí, muitas vezes temos que lançar mão de medicamentos", avalia Staduto Braga.

FIBROMIALGIA 
Essa doença se caracteriza por dores contínuas e generalizadas. Não se sabe exatamente o que a desencadeia, mas — adivinhe! — um dos possíveis fatores de risco é manter os olhos arregalados quando eles deveriam estar fechados. "Por outro lado, o próprio distúrbio altera o padrão do sono, fazendo com que a pessoa já acorde cansada", diz Staduto Braga. Sem contar que a fibromialgia facilita o surgimento de transtornos psiquiátricos relacionados a dificuldades para adormecer. Um exemplo é a depressão.


4. ENFRAQUECIMENTO DAS DEFESAS

Uma pesquisa da Universidade de Lübeck, na Alemanha, acompanhou voluntários que se vacinaram contra a hepatite A. Na noite seguinte à injeção, metade deles só foi autorizada a dormir após determinado horário, enquanto o restante poderia adentrar o mundo dos sonhos quando achasse melhor. Resultado: os indivíduos que ficaram menos horas entregues aos lençóis apresentaram uma contagem de anticorpos contra a doença quase duas vezes menor. Em outras palavras, os efeitos benéficos da vacinação podem ser nocauteados pela simples mania de ir para a cama tarde. Verdade seja dita, ainda faltam evidências científicas para sedimentar essa hipótese, principalmente quando falamos de outros males que não a hepatite. Mas já está comprovado que o sistema imunológico precisa de descanso para, quando for ativado, responder às ameaças com eficiência. Há até estudos mostrando o elo entre a privação de sono e uma maior suscetibilidade para resfriados. Em busca de possíveis causas para esse fato, a bióloga Francieli Ruiz da Silva, da Unifesp, realizou uma pesquisa na qual alguns homens foram impedidos de ter uma noite de sono reparadora por quatro dias seguidos. "No final do experimento, eles apresentavam menor quantidade de um anticorpo presente nas mucosas", revela. "E o pior é que a situação não se normalizou mesmo depois de três dias de sono adequado", lamenta Francieli. Ao que tudo indica, as defesas do nosso organismo ficam fragilizadas quando trocamos o travesseiro por um livro ou um filme na tevê.





5. ENVELHECIMENTO


Não são só as olheiras que entregam a resistência a dormir um pouco mais cedo. A própria pele dá indicativos de que o sujeito anda passando horas de menos sob o cobertor. "Quem dorme mal compromete os vasos sanguíneos periféricos, que irrigam a epiderme. Isso deixa a face menos rosada", descreve Dalva Poyares, do Instituto do Sono, da Unifesp. Está aí um dos motivos pelo qual se manter acordado no período noturno parece acrescentar anos de vida a nossa feição. Mas não é só por fora que se envelhece. Em todos os órgãos, as células de quem insiste em postergar o momento de adormecer também ficam idosas rapidamente. Uma das razões reside na melatonina, hormônio indutor da sonolência, que é secretado em grandes quantidades quando não estamos expostos à luz. "Essa substância é um poderosíssimo antioxidante, que combate os radicais livres como poucos", diz Fernando Louzada, cronobiólogo da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Ou seja, se somos iluminados pela tela de um computador quando deveríamos estar no escuro, ela fica em falta no corpo. No final das contas, tudo isso favorece o envelhecimento celular precoce e até tumores.

6. DIFICULDADE PARA SE MANTER EM FORMA


Na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, cientistas mostraram que uma regra a ser seguida em toda dieta é respeitar o sono. Eles avaliaram dez participantes que remodelaram seu cardápio para emagrecer em dois momentos distintos: um em que podiam descansar por mais de oito horas e outro em que só tinham esse direito por pouco mais de cinco horas. Resultado: nos dois períodos, a perda de peso foi similar, porém no primeiro turno a poda de gordura foi muito superior à do segundo. Para piorar, o apetite de quem dorme menos sempre tende a aumentar. Como que para compensar o cansaço, o organismo alavanca a produção de grelina, um hormônio que dispara a fome, e diminui a de leptina, seu antagonista. Sob esse efeito, o indivíduo se torna um glutão ávido, sobretudo por alimentos altamente calóricos.


7. MUITO AÇÚCAR NO SANGUE

Ao ler o tópico anterior, você pode chegar à seguinte constatação: se a obesidade é um fator de risco para o diabete, já está clara a relação entre parcos períodos de repouso profundo e a subida das taxas de açúcar na corrente sanguínea. Contudo, esse vínculo não se limita ao fator gordura. "A pessoa que dorme pouco produz mais cortisol. Entre outras coisas, esse hormônio causa resistência à insulina", elucida o pneumologista Denis Martinez, coordenador do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas em Sono da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E, quando a insulina não age direito, sobra glicose na circulação. Está criado o cenário para a falência do pâncreas, o aparecimento de males cardiovasculares e de problemas de visão — todos esses percalços são bastante comuns na rotina de muitos diabéticos.

8. AUMENTO DO COLESTEROL


A versão ruim dessa gordura, o LDL, é uma das responsáveis pelo acúmulo de placa nos vasos, o estopim para infartos e derrames. Por isso, os especialistas não cansam de recomendar a prática de exercícios físicos e uma alimentação balanceada. Não à toa. Esse estratagema é certeiro para derrubar os níveis da substância no sangue. Mas, na lista de hábitos com o poder de afundar esses índices, deveria ser incluído outro item: dormir bem. Restringir o tempo dos apagões noturnos eleva a concentração de colesterol, apontam diversas pesquisas. "Em ratos, houve até a diminuição do HDL, o tipo do bem, que limpa as artérias", afi rma Monica, biomédica da Unifesp. Ainda não se sabe exatamente a razão pela qual esse desequilíbrio ocorre. Atualmente, a principal suspeita recai sobre certos hormônios, em especial o cortisol, mais presente entre os que permanecem acordados madrugada adentro.

9. HIPERTENSÃO


Além de ameaçado pelos níveis de colesterol na estratosfera, o sistema cardiovascular dos que brigam contra o sono está mais sujeito à pressão alta. "Os hormônios do estresse, bastante secretados pelos que dormem pouco, são vasoconstritores", alerta Geraldo Lorenzi Filho, do Laboratório do Sono do Instituto do Coração. Com isso, o sangue passa a encontrar mais difi culdade para trafegar pelas artérias. E menos tempo gasto sobre o colchão é sinônimo de mais radicais livres passeando pelo organismo. Essas famigeradas partículas, por sua vez, podem mexer com a estrutura dos vasos sanguíneos, contribuindo, e muito, para o surgimento da hipertensão.



DAQUI.


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