Por Bruno Rizzato
O que é a doença do vírus Ebola?
A doença causada pelo vírus Ebola (EVD) é uma doença viral aguda que
costumava ser conhecida como a febre hemorrágica Ebola. Ela é causada
por três das cinco espécies dentro do gênero Ebolavirus. Duas espécies
são capazes de infectar seres humanos, mas não são potenciais
causadores da doença - você pode pegar e não ter influência alguma.
As outras três podem causar graus variados de doença. Infelizmente, o
vírus do Ebola-Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada
como a causa do surto decorrente. Em surtos anteriores, ela foi a
causadora de uma taxa de mortalidade de 90% nas pessoas que a
contraiam.
Qual sua origem?
Não se sabe ao certo o paradeiro do vírus, embora acredita-se que os
morcegos sejam a primeira fonte transmissora, podendo abrigar os vírus
em seu intestino. O vírus pode ter sido passado aos humanos através da
caça e do consumo de animais infectados. Morcegos, porcos e cães são
potenciais transmissores. Os primeiros surtos em seres humanos
ocorreram no Sudão, infectando 284 pessoas, sendo fatal em 53% delas.
Quais são os sintomas?
Depois que uma pessoa contrai o vírus Ebola, pode levar até 21 dias
para ela se tornar sintomática. A doença causa sintomas semelhantes aos
da gripe, incluindo dores, dor abdominal, febre, vômitos e diarreia.
Isto leva à desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e
hemorragia.
Alguns doentes podem ainda entrar em "tempestade de citocinas", onde o
sistema imunológico entra em conflito, danificando os tecidos, células e
órgãos, com resultados potencialmente fatais. No entanto, existem
muitas doenças que podem causar estes sintomas, por isso, exames de
sangue precisam ser feitos para descartar outras doenças, como malária,
hepatite, cólera, meningite, entre outras.
Como é tratado?
Não há um tratamento específico existente. Por mais que não seja
animador, é preciso garantir uma condição de recuperação sadia ao
infectado. Fluídos intravenosos evitam a desidratação, assim como é
preciso manter o corpo do paciente fresco, para atenuar a febre.
Analgésicos também são importantes para aliviar o sofrimento causado
pelas dores. É preciso monitorar os níveis de oxigênio e a pressão
arterial.
Ainda não existe uma vacina para prevenir o EVD, mas um ‘soro
misterioso’, chamado ZMapp, tem sido utilizado para tratar dois casos
recentes de infectados nos Estados Unidos. Ambos eram voluntários na
África e apresentaram grandes melhoras após a aplicação de três ampolas
do medicamento, ainda em testes.
Qual é o prognóstico?
Esta questão, infelizmente, não tem uma resposta clara. Alguns
institutos afirmam que a taxa de mortalidade é, em qualquer lugar, de
50-90%, mas isso é uma enorme variação e não é necessariamente um
número preciso para ser usado individualmente.
O prognóstico é dependente de muitos fatores, incluindo a cepa viral
que causa a infecção, assistência médica disponível, e a velocidade do
diagnóstico. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento
mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, uma
vez que os sintomas são bastante genéricos e assemelham-se a tantas
outras doenças, os pacientes podem ser diagnosticados de forma errada, o
que poderia atrasar o tratamento.
Como é transmitida?
O vírus pode se espalhar através do contato de fluidos corporais, o que
é um pouco problemático, dada a quantidade de suor, vômito e diarreia
envolvidos com os cuidados com o paciente.
O vírus também pode ser transmitido através do sêmen até sete semanas
após o início da doença, mesmo quando os sintomas tenham diminuído. Um
grande problema do Ebola, é que ele ainda tem caráter transmissor,
mesmo depois da morte de seu hospedeiro. Isso significa que aqueles que
manuseiam o corpo para os rituais fúnebres devem tomar precauções
extremas.
Qual é o problema com o atual surto?
O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se
espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria. Os dois norte-americanos
citados acima que tinham sido infectados enquanto estavam em missão na
África, foram levados para o Hospital da Universidade de Emory, em
Atlanta, a fim de receber o tratamento com o medicamento específico.
Só até o primeiro dia do mês de agosto, houveram 1.323 casos
confirmados, com 729 mortes (55% de taxa de mortalidade), distribuídos
por quatro países da África Ocidental. Este é o maior surto de Ebola já
registrado. Sessenta das mortes foram de trabalhadores de saúde que
procuravam controlar a doença.
Devo me preocupar?
Embora muitas pessoas, em todo o Mundo, estejam assustadas com a
doença, muitas autoridades de saúde afirmam que o surto só tomou essas
proporções, devido às condições precárias de atendimento nas regiões
atingidas. Não estão conseguindo controlar a doença pelo falho sistema
presente nesses países subdesenvolvidos, seja pela falta de
profissionais capacitados, ou por equipamentos precários.
Para aqueles que vivem em países desenvolvidos, não é provável que o
vírus se espalhe. Thomas Frieden, diretor do Centro de Controle e
Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, disse que não há a
possibilidade do Ebola se espalhar pelo território norte-americano,
pela forma que ele está presente na África Ocidental. Todos os
principais portos de entrada têm recebido estações de quarentena para
encontrar possíveis viajantes acometidos. No entanto, o CDC emitiu um
alerta de viagem Nível 3 para a Guiné, Libéria e Serra Leoa, para
evitar a exposição.
O que está sendo feito para combater esta doença?
A fim de resolver o surto, o CDC vai enviar 50 especialistas para
algumas das áreas mais atingidas dentro dos próximos 30 dias. A
Organização Mundial de Saúde declarou que o vírus está se espalhando
mais rápido do que atualmente se pode conter. Além da natureza
altamente contagiosa do próprio vírus, as autoridades de saúde também
estão trabalhando contra as crenças culturais que mantiveram certos
casos escondidos. Há também rituais de cura e práticas religiosas e
culturais para enterros, que impedem alguns de procurar tratamento,
contribuindo para a propagação da doença.
Em abril, foi anunciado que uma molécula antiviral foi eficaz contra
todas as cepas de Ebola em roedores, e agora está sendo testada - mesmo
que ainda não estejam exatamente prontas para testes clínicos -, nos
dois norte-americanos infectados, trazidos para Atlanta.
Como posso me proteger?
Para eliminar as chances de contrair os vírus, evite locais que tenham
atuais surtos registrados. Se você tiver viajado para essa área no
último mês, ou tenha sido exposto a alguém que tenha a doença, não se
esqueça de lavar as mãos com água morna e sabão, evitando tocar nos
olhos, nariz e boca. Você também deve evitar o contato com qualquer um
dos seus fluidos corporais (principal medida). Se você foi exposto ao
vírus e começar a sentir os sintomas, é preciso isolar-se imediatamente
e ligar para a assistência médica.
Fonte: IFLScience Foto: Reprodução / CDC / Frederick A. Murphy /
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